28.5.10

Um novo - e ilustrado - conto steampunk

Quando postei sobre a comenda que recebi do Monarca, escrevi que: "em breve uma outra novidade em relação ao Tiburcio será comentada por aqui, com direito a participação do protagonista da noveleta 'Cidade Phantástica', João Fumaça". Então, já posso comentar que, dias atrás, o ilustrador Tiburcio me mandou o desenho abaixo, e me convidou a escrever um conto baseado nele. Aceitei na hora e fiz em tempo recorde um novo conto protagonizado pelo personagem criado para a noveleta que dá nome a este blog. Em breve o texto completo vai ser enviado para uma nova publicação que está sendo produzida, para concorrer a um espaço nela. Mas como não queria deixar de mostrar a criação do meu caro ilustrador, aproveito para postar o desenho e o início do conto. Boa leitura!

Modelo B

Ruas do bairro Ponta de Areia, em Niterói, próximo ao estaleiro da cidade.





Eu sou um policial dos caminhos de ferro! Dos caminhos de ferro! Então o quê, em nome de Cristo, faço aqui, sacolejando nesta chaleira que se move por fora da confortável segurança dos trilhos? E correndo numa velocidade que nenhuma locomotiva do mundo seria capaz? Posso jurar que se o combustível na caldeira aqui atrás, a mesma que está esquentando minhas costas neste momento, fosse o suficiente, este monstro barulhento superaria uns bons cem, cento e dez quilômetros no decorrer de uma hora! Porém, evidentemente, nenhum ser humano suportaria ficar sentado nesta máquina de tortura por tanto tempo.

E a alavanca aqui, na minha mão esquerda, é o único jeito de controlar a velocidade. Quanto mais a forço para a frente, mais ela aciona engrenagens e válvulas liberando mais e mais a força do vapor para impulsionar o bólido. Pelo estalo seco e o tranco que fez da última vez, devo ter chegado ao máximo que ela suporta. E tenho que dosar a correria, apesar da urgência, a cada curva ou ladeira, do contrário, esta coisa pode virar e me esmagar com o seu peso. E isso não é a única coisa a ocupar minha atenção. Preciso me lembrar de manter esta outra barra, a da direita, firme. Quando ela gira para um lado ou para o outro, as rodas desta carruagem sem cavalos a acompanham. A cabeça de um homem não foi feita para se dividir nesta confusão de puxa para cima, empurra para o lado, mais rápido, para a direita... Isso é antinatural, por todos os diabos e demônios!

E quase atropelo um cachorro, se não desvio por cima da calçada, lá se ia o bicho!

Viajar fora de trilhos, nesta velocidade ensandecida, sacudindo os ossos numa rua de pedras soltas enquanto tenho que me lembrar como controlar um monstro de ferro ainda não chega a ser o pior. O pior mesmo é fazer isso tudo sem uma arma e tendo que me desviar das balas dos outros! Por isso eu volto a perguntar: o quê, em nome de Cristo, faço aqui, sacolejando nesta chaleira?

Continua.

6 comentários:

bibs disse...

hey!a ilustração ficou linda!
qdo é mesmo que a gente vai poder ler o conto na íntegra?!

Romeu Martins disse...

Vai depender do pessoal da publicação, bibs. Mas acho que deve ser até o início de julho, se os deuses vaporosos derem uma força ;-)

Marcelo Galvao disse...

Gostei desse início. Avisa quando sair o conto completo.

Romeu Martins disse...

Opa, pode deixar, Galvão! Ficou meio Soft Boiled, hehehe

Alexandre Lancaster disse...

Continua? Eu quero ver mais! :)

Romeu Martins disse...

Opa, era essa a intenção ;-D

Neste momento, estou enviando o conto completo e a ilustração em alta resolução para serem avaliados para publicação... Torçam os dedos comigo hehe