27.8.11

A questão do punk

Comentei no twitter a respeito de uma ferramenta que lamento muito não existir de forma funcional nem no próprio site nem nos clientes dele que costumo utilizar, como o Ginga e o Hootsuite. Seria um campo de busca limitado a nossos contatos por lá, algo que seria bastante útil para nos mantermos atualizados de maneira rápida e simples sobre o que falam nossos followers a respeito de determinado termo ou expressão. No caso do assunto que é o principal deste blog, por exemplo, eu teria como saber com muito mais presteza sobre que tipo de discussão a respeito do steampunk as pessoas que sigo estão fazendo. Seria útil no dia a dia e mais ainda em períodos como o atual, em que ocupações ligadas a eventos, trabalho e saúde têm diminuído o tempo e a atenção que posso prestar àquela rede.

O prólogo/nariz de cera é em virtude de um artigo que uma dessas pessoas que sigo postou na última quarta-feira, dia 24, pondo em questão um dos pontos mais polêmicos a respeito do próprio termo steampunk e seus aparentados: o sufixo punk que teima em se agarrar a todo e qualquer exemplo do retrofuturismo que se invente. O autor do artigo é Alexandre Mandarino, escritor, tradutor, meu editor na edição de estreia da revista digital Hyperpulp e meu futuro colega em uma coletânea dedicada a Sherlock Holmes. E o artigo em questão é "Colocando o 'punk'  em 'steampunk'" que pode ser lido no blog Hypervoid. Como falta a tal ferramenta no twitter e o tempo e o número de pessoas que sigo por lá não me permitem ler tudo o que se posta no site de microblogs, só fiquei sabendo do texto nesta sexta-feira, dia 26, e só hoje pude escrever este post para complementar o debate por aqui.

O texto de Mandarino, muito bem embasado na história do movimento punk para além da literatura, chegando a esferas como música e comportamento, tem trechos como o que segue:

Uma coisa sempre me incomodou no termo steampunk e em todos os demais coloque-sua-fonte-de-energia-aqui-punk que se seguiram: o termo “punk”, nestes casos, é usado de forma quase inversa à de seu uso em "cyberpunk”. Explico – e para isso voltamos aos anos 80. Aquela época onde a maquiagem de Robert Smith e os teclados de Daryl Hall e John Oates ainda eram excludentes, quando os diferentes mundos oitentistas ainda não haviam sido reabilitados por figuras como o sensacional Chromeo. Onde o Atari 2600 consolidava o seu reinado de 8 bits e quadrinistas como Frank Miller e Bill Sienkiewicz estavam ainda em seus primeiros e mais importantes passos. É nesse cenário que um canadense chamado William Gibson superou todas as suas dificuldades tecnológicas oriundas do fato de sequer possuir um computador, mixou beatniks e termos de fanzines phone phreaks e o resto é história. Mas atenção: foi o termo “punk” que foi acrescentado ao termo “cyber”, não o contrário. E isso faz toda a diferença (...)

Curiosamente esse mesmo assunto tem sido um dos temas em que mais tenho discutido neste mês. Ele já foi tocado de passagem em dois posts deste blog que acabaram de comemorar seu primeiro aniversário, chamados apropriadamente de Festival Punk e Festival Punk 2. Os mesmos posts, um ano depois, serviram de base para a palestra que Fábio Fernandes e eu demos em um evento de quadrinhos florianopolitano no final de semana de 13 e 14 de agosto. Por sua vez, em uma versão resumida daquela mesma palestra, voltei a tocar no assunto no final de semana seguinte, em outro evento, agora ligado mais à cultura japonesa. E, para o cúmulo da coincidência, na véspera da postagem de Alexandre Mandarino, ou seja, na terça-feira, dia 23 de agosto, voltei a tocar na mesma tecla. Esta última ocasião, foi respondendo a uma entrevista por email que me foi enviada por Guilherme Bryan, jornalista especializado na cultura brasileira dos anos 80, que conheci naquele primeiro evento de quadrinhos em Florianópolis, e estava preparando uma matéria a respeito do movimento punk para a Revista do Brasil.


Vou tomar a liberdade de reproduzir a pergunta de Bryan e a resposta que lhe dei, acho que resumem minha opinião a respeito da controvérsia sobre aquelas quatro letras e o que ela tem a ver com a imagem abaixo:




2 - De que modo o punk se manifesta tanto no steampunk quanto no cyberpunk?
Tudo começou no cyberpunk, na segunda metade dos anos 80, quando o prefixo realmente manteve seu sentido original. O movimento liderado por William Gibson e Bruce Sterling levou a ideologia punk ao mundo da FC, ajudando a dar muito mais relevância aos verdadeiros produtores do gênero - os escritores - e incluindo uma temática muito mais politizada e não-conformista a um mundo que não poderia ficar apenas na mão dos velhos padrões. Quando o escritor K. W. Jeter escreveu uma carta em 1987 para a revista Locus batizando o steampunk, ele apenas fazia uma analogia com o cyberpunk, o sentido original, de vagabundo, marginal, começava a se perder, pois a cultura steamer não carrega o mesmo ethos "revolucionário" do cyberpunk.
Isso foi ficando ainda mais evidente quando novos subgêneros de ficção ambientada no passado começaram a ser propostos, como o dieselpunk, a princípio um cenário pensado para os games em que a ação é nos anos entre as guerras do século XX, e também o sandalpunk (período greco-romano), o clockpunk (Renascença) e muitos outros. O prefixo continua a aparecer, mas houve um verdadeiro sequestro semântico: deixou de significar aquilo que vinha desde os tempos shakespereanos, passando pela contracultura de McNeil, para ser sinônimo de anacronismo ficcional. Mais ou menos como o X dos sanduíches vendidos no Brasil veio do cheeseburger americano, deixando o sentido de origem de lado e servindo até para batizar um X-queijo. O punk só era mesmo punk no cyberpunk, do steampunk em diante foi perdendo sua característica inicial.
É isso. Se dependesse apenas de mim, garanto que o tal sufixo seria abandonado de vez pois ele tem a tendência de trazer mais calor que luz para um debate que faz tanto sentido quanto perguntar aos Ramones o porquê de eles não usarem cabelo moicano. Por falar nisso, encerro com outro comentário que fiz lá pelo twitter naquela mesma terça-feira, 23 de agosto: "O moicano é o novo mullet". Até a próxima.




26.8.11

Minha estreia no Universo HQ

Certamente é possível contar nos dedos de uma só mão a quantidade de endereços da internet que visito diariamente há mais de dez anos. O Universo HQ é um desses locais, sem a menor dúvida. Virou um hábito em algum momento da manhã, entre um compromisso e outro, acessar as notícias do site. E desde que entrei para o twitter, no dia 22 de abril de 2009, quase todos os dias repasso alguns links de lá para as pessoas que me seguem, boas discussões já nasceram desse outro hábito arraigado. Pois hoje, dia 26 de agosto, o prazer de acessar e compartilhar alguma novidade daquele endereço multipremiado é bem maior, uma vez que acabo de estrear em seu time de resenhistas. A ideia surgiu em uma conversa com o editor do site, Sidney Gusman, na edição deste ano da HQCon e acaba de ser posta em prática na atualização de sexta, o dia em que são postadas as análises críticas de quadrinhos atuais e mais antigos, naquele que já é há muito o maior banco de resenhas da internet brasileira dedicada às HQs. O meu primeiro texto foi sobre a edição de lançamento de um minissérie steampunk, o mangá Hollow Fields, produzido pela australiana Madeleine Rosca. Nas próximas semanas, sempre às sextas, saem as resenhas das duas outras edições publicadas no Brasil pela editora NewPOP. Conto com a leitura dos amigos. 


25.8.11

Retrofuturismo oriental 4

Como eu anunciei por aqui, nesta correria que anda meu mês de agosto, a Sociedade Histórica Desterrense, um grupo reconstrucionista do qual faço parte, foi convidada para dar uma palestra sobre o tema deste blog em um evento de cultura japonesa, o Wasabi Show. Nunca fiz segredo para ninguém que mangás e animes estão longe de ser minha especialidade, mesmo os de tendência steampunk. Sorte que para esse fim, pude citar ao público presente (e foi a plateia mais participativa e interessada que encontrei nos eventos deste mês, devo dizer) o blog do colega de Steampunk - Histórias de um passado extraordinário Alexandre Lancaster. E por uma dessas felizes coincicências em que Murphy resolver tirar férias, o recomendado blog havia sido atualizado na véspera da palestra com mais um artigo de sua série sobre o modo nipônico de produzir varpo. Deixo vocês com o início do texto abaixo, sendo que a íntegra pode ser lida aqui:

O nome de Hayao Miyazaki dispensa apresentações entre os fãs da animação japonesa. Há muito o que se dizer sobre o seu trabalho, cujas obras em sua maioria foram – e são – voltadas ao público infantil. E é impossível falar sobre Steampunk no Japão sem passar por algumas obras desse autor.É claro que a mais importante obra do gênero produzida por Miyazaki é o clássico Laputa: Castelo no Céu, e a presença dela nessa série de artigos era uma carta marcada. Mas essa não é a única marca de dedão que Miyazaki deixou no cimento dessa sub-estética no Japão. É algo que já data de seus tempos de televisão, quando trabalhava para empresas como a TMS e Nippon Animation – mas antes vou falar de meu critério: steampunk, para o contexto de todos os artigos que venho escrevendo, é uma divisão da ficção científica. Ele até pode ser misturado a fantasia e similares – mas aí ele se torna outra coisa.LaputaPor isso não vou falar aqui de O Castelo Animado, com seus construtos movidos a magia, por exemplo, ou mesmo de Nausicäa – que apesar de sua retrotecnologia, pertence a outra vertente da ficção científica; é uma história pós-apocalíptica aonde o tecido social do mundo simplesmente despencou a níveis medievais e a tecnologia encontrou suas próprias soluções em meio a um novo e hostil habitat – como os aviões de cerâmica. Nesse sentido, Nausicäa é mais próximo à obras como Um Cântico para Leibowitz do que ao conjunto da ficção científicaSteampunk (o mesmo pode ser dito de sua mais importante série para a televisão: Future Boy Conan, baseada no romance de Alexander Key).Por outro lado, Miyazaki não se preocupa em dar explicações sobre nada além do necessário, e talvez esse seja seu maior trunfo em Laputa. Ninguém precisa explicar como uma lâmpada funciona para saber que um quarto escuro está sendo iluminado em uma cena. O que interessa é sua paixão por máquinas voadoras. Isso basta.

24.8.11

Segundo Encontro Vitoriano de Florianópolis

Agosto está sendo mesmo o mês do cachorro louco, meus caros! Além do livro de divulgação científica em que estou trabalhando, e que naturalmente já ocuparia bastante do meu tempo, um número recorde de eventos tem acontecido na cidade este mês. Não sobra muito espaço para eu poder blogar entre uma copidescada aqui, uma palestra lá e um lançamento de livro acolá, mas não estou reclamando: eu não poderia estar mais feliz com todo esse agito com a cultura steamer ocorrendo por aqui! E o mês de setembro também vai contar com uma grande celebração do período favorito dos punks a vapor: o Segundo Encontro Vitoriano de Florianópolis, promovido pela Sociedade Histórica Desterrense. Na página do grupo, todos os detalhes sobre essa reunião que vai acontecer no dia 10 de setembro em um sensacional hotel da capital catarinense, com direito a um café colonial completo. Nos vemos lá?


18.8.11

Agosto steampunk - Estronho e Wasabi

Eu tinha dito que este mês seria o dos eventos, hein? Depois da palestra sobre Retrofuturismo na HQCon ao lado de Fábio Fernandes, temos ainda duas novas oportunidades de vivenciar a cultura steamer na teoria e na prática em Florianópolis. A próxima já foi anunciada aqui: o lançamento de diversos livros da Editora Estronho na cidade, entre eles as coletâneas Steampink e Deus Ex Machina, que não só fizeram sucesso estrondoso na Fantasticon, que ocorreu em São Paulo no mesmo final de semana que a HQCon, como ainda receberam elogios do convidado internacional daquele encontro. O mexicano M.A. Férnandez disse pelo twitter que coleciona livros de ficção científica de mais de 20 países e podia afirmar que aquelas eram duas obras de arte de design gráfico. Ponto para M.D. Amado, o grande responsável pela parte gráfica das coletâneas e para os catatinenses que poderão conferir o material e o texto na sexta-feira, dia 19, a partir das 18h, quando teremos o lançamento no Café Cultura, ao lado da Praça XV.

E o outro evento é já no dia seguinte, sábado, dia 20, no teatro da Faculdades Barddal, a partir das 17h, durante o maior evento de cultura pop japonesa de Santa Catarina: A Sociedade Histórica Desterrense vai dar uma palestra sobre steampunk no Wasabi Show. A atração já faz parte da programação no site do evento, com a chamada que segue abaixo:

Existe algo em comum entre o anime Steamboy, do consagrado mestre Katsuhiro Otomo (Akira), e os quadrinhos da Liga Extraordinária, do inglês Alan Moore (Watchmen). Ambos fazem parte do gênero ligado à ficção científica que mais cresce e atrai interassados no Brasil: o steampunk. Trata-se de uma reinvenção imaginativa do século XIX, seja aquele representado pela Era Vitoriana da Inglaterra, com suas colônias espalhadas por todos os continentes; ou pela Era Meiji no Japão, com a abertura do país para o restante do mundo; ou mesmo pelo Período do II Reinado no Brasil, quando D.Pedro II consolidou as bases de nossa nação. O que importa é pensar em novas possibilidades, acontecimentos que poderiam ter mudado definitivamente a história do planeta, um futuro que por algum motivo deixou de acontecer.

É esta discussão que a Sociedade Histórica Desterrense, um grupo reconstrucionista sem fins lucrativos, pretende trazer ao Wasabi neste mês em que comemora um ano de atividades. O grupo que já realizou encontros e picnic vitorianos, saídas fotográficas com roupas de época, workshop durante o maior evento de quadrinhos de Santa Catarina, agora preparou uma conversa sobre esse gênero fascinante. O Brasil começou a produzir suas próprias aventuras no estilo em 2009, no livro chamado Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, uma obra que chamou a atenção de leitores dentro e fora do país, sendo citada em espaços nobres como o site da Wired e no maior livro de referência do assunto, a Steampunk Bible

A conversa vai ser conduzida por dois membros da diretoria da SHD: Jessé Fialho Martins e Romeu Martins, na forma de perguntas e respostas sobre as origens, a importância e o que podemos esperar do steampunk futuramente.


17.8.11

FC no reino da HQ 2

"E no próximo vamos te colocar no palco, vamos falar de ficção científica e do steampunk!"



Jamais duvidem da palavra de Ester Gewehr, meus amigos. A promessa foi feita nos comentários do post em que relatei, neste blog, a primeira edição da HQCon, em 2010, ainda impressionado com o evento que ela, Diego Moreau e José Mathias haviam acabado de realizar em Florianópolis. A foto logo em seguida é um flagrante de que as palavras dela não foram vãs. O flagrante de Saulo Popov Zambiasi registra justamente o momento em que eu subi ao palco da edição organizada por aquele trio este ano para falar sobre ficção científica e steampunk. Ali estou eu entre Mário Luiz C. Barroso, editor e tradutor de boa parte dos quadrinhos de super-heróis que já li, e de Fábio Fernandes, meu mestre na FC e tradutor de boa parte dos livros do gênero que já li. Sim, lá estava eu entre duas pessoas mais do que admiradas por mim há anos para dar minha contribuição a respeito daquele tema anunciado desde 2010 - e do qual gosto tanto que virou este blog - naquele que foi, sem a menor dúvida, o meu melhor final de semana dos últimos tempos.

Além da oportunidade fantástica de dividir o palco com pessoas desse nível de experiência e conhecimento de causa, ainda pude assistir a outras palestras com profissionais como Sidney Gusman, Hector Lima, Ricardo Manhães e honrosa companhia. Reencontrei meus colegas de Sociedade Histórica Desterrense,   Pauline e Maurice Kisner, Carolina Silva e Jessé Fialho, que ministraram um workshop durante a convenção. Anunciei em primeiríssima mão meu projeto de álbum de quadrinhos com Sandro Zambi (mais detalhes por aqui, em breve), assim como o lançamento de coletâneas steamers com minha participação nesta próxima sexta. Revi meus camaradas da Loja Universo Colecionáveis, Marco, Edu e Kayuá, sendo que das mãos deste último ainda ganhei uma toy art que vai para minha estante, entre os troféus já recebidos nesta minha, podemos dizer, carreira de blogueiro e escritor: a Steampunk Bible com trecho de meu conto traduzido por Fábio Fernandes, e a comenda recebida do Conselho Steampunk. Conheci e revi tantas pessoas, mas tantas, que qualquer tentativa de nomeá-las por aqui seria um insucesso. Tanto quanto as tentativas de fazer deste um post informativo e objetivo; o lado emocional está ganhando de lavada. Para essa parte mais reflexiva, indico a entrevista que dei à Patrícia Pinheiro para o blog português Otaku PT.

Este é um post de agradecimento, não de notícia. Quem escreve aqui, agora, é um emocionado sujeito que participou como uma estasiada testemunha da primeira edição deste marco da cultura pop da minha cidade e que, um ano depois, teve a honra e o orgulho de ganhar a oportunidade de contribuir com sua continuidade. Foi um final de semana fantástico este, desde o início, com as generosas notas anunciando nossa presença, a minha e a de Fábio Fernandes, no palco da HQCon nos dois maiores jornais da cidade, passando pela recepção dos meus amigos organizadores do evento, toda a confraternização com o público e com os colegas palestrantes até o encerramento com boa comida, ótima bebida e excelentes risadas em uma mesa de bar. Perfeito do início ao fim. Obrigado, obrigado, obrigado.



(muitas outras fotos do segundo dia do encontro podem ser vistas aqui)

11.8.11

Sherlock Holmes no rádio

Demorou, mas saiu! Marcelo Fernandes, o repórter que me entrevistou na Rádio Guarujá sobre o personagem mais famoso de Arthur Conan Doyle postou o material em seu canal no YouTube. Na oportunidade, falei sobre um evento promovido pela Sociedade História Desterrense, sobre curiosidades a respeito da criação do detetive símbolo da Era Vitoriana e também antecipei a divulgação de Sherlock Holmes - Aventuras Secretas, a coletânea que será publicada ainda este ano pela Editora Draco reunindo contos nacionais, incluindo o meu "O Caso do Desconhecido Íntimo". Ficam os links para a conversa, que foi bastante agradável: a primeira e a segunda parte.

Retrofuturismo no Universo HQ

O maior evento de cultura pop de Santa Catarina em placa nota em outro de meus sites favoritos, o Universo HQ: 
HQ ConNos dias 13 e a14 de agosto, acontecerá em Florianópolis, no Floripa Shopping (Rodovia SC-401, 3116 - Saco Grande - Tel.: 0XX-48-3331-7000), a segunda edição do HQ Con, evento de história em quadrinhos para os fãs da capital catarinense.

Neste ano, a programação traz oficinas de quadrinhos (no papel e no Ipad), de edição de HQs e até de webcomics. Além disso, haverá estandes de vendas e palestras sobre o atual momento do mercado norte-americano de super-heróis, a produção local, Mauricio de Sousa e a Turma da Mônica, dentre outras.

Os convidados do evento deste ano são: Mario Luiz C. Barroso, Diego Moreau, Evandro Kuhnen, Alan Monteiro, Guilherme Bryan, Marcelo Mueller, Sidney Gusman, Hector Lima, Fabio Fernandes, Chicolam, Alex Guenther, Ricardo Manhães, Romeu Martins, Guilherme Kroll Domingues, Daniel Esteves, Cadu Simões, Daniel Meurer, Janon Berka e Felipe Meyer.
Para conferir a programação completa e saber como adquirir ingressos, que custam R$ 15,00, visite osite oficial do evento.


10.8.11

Comic strip

Florianópolis já foi chamada, com muita justiça, de túmulo do cinema pela Folha de S. Paulo, não apenas pela baixíssima produção local de filmes, mas também pela ausência de boas salas de projeção na cidade. Principalmente as que se dediquem a exibir obras fora do grande circuito comercial de lançamentos. A situação estava ainda mais crítica nos últimos muitos meses, com as reformas inacabáveis do Centro Integrado de Cultura e com o fechamento do Cine York, na cidade ao lado, onde eu moro, São José. Felizmente as coisas começaram a melhorar com a volta de um espaço cinematográfico no shopping mais tradicional da capital catarinense, o Beiramar, ainda mais porque o empreendimento do CinEspaço, da rede Espaço Unibanco, garante presença permanente de salas dedicadas aos tais filmes cult. Caso da produção que estreia nesta sexta-feira, Gainsbourg – o homem que amava as mulheres, cinebiografia do músico popstar francês dos anos 60, e baseado em uma graphic novel escrita e ilustrada pelo mesmo artista que dirige e roteiriza filme, Joann Sfarr. Lançado internacionalmente ano passado, o longa só chega por aqui agora, quando se relembra os vinte anos da morte do homenageado, por conta deste novo empreendimento, do contrário, seria algo a se ver apenas na tela pequena da TV ou do computador.

Ser um filme de quadrinista deixa marcas bem visíveis na obra, a começar bela ótima animação que abre a película, quando Serge Gainsbourg (1928-1991) ainda era Lucien Ginzburg, uma criança judia vivendo numa França ocupada pelos nazistas, dividido entre o interesse pela pintura e pela música. Desde então, a escolha do diretor e roteirista foi fazer o garoto ser acompanhado por uma espécie de alter ego, amigo invisível, consciência falante. Em uma mistura de efeitos mecânicos e digitais (ou numériques, como preferem os gauleses), tal ser assume a forma de uma caricatura dele próprio, com as orelhas de abano e o grande nariz ainda mais proeminentes que os nada modestos atributos físicos do cantor (e também do ótimo ator que o interpreta, Eric Elmosnino, justamente premiado com o César por este trabalho). Uma forma inteligente que o quadrinista e cineasta encontrou de ser fiel às mentiras de seu ídolo (objetivo declarado ao final do filme) e que dá um ar ao mesmo tempo cartunesco e fabuloso à sua recriação. Não pude deixar de pensar no truque semelhante levado ao cinema por Spike Jonze ao adaptar o livro infantil de Maurice Sendak em Onde vivem os monstros. Como naquele filme de 2009, o "monstro" filmado por Sfarr revela sentimentos e emoções que seriam invisíveis para a câmera de outro modo. São os balões de pensamento de uma história em quadrinhos ganhando vida própria em grande e inusitado estilo.

Para leitores de quadrinhos da minha geração, Gainsbourg – o homem que amava as mulheres também pode trazer a lembrança outros exemplos da nona arte. Já que comecei o texto falando na Folha, quem conhece Angeli apenas pelas tirinhas e charges do jornal deixou de acompanhar seu projeto mais autoral: a revista Chiclete com Banana, dos anos 80, quando o quadrinista era influenciado em igual medida por Gainsbourg e pelo cartunista americano Robert Crumb. O filme-quadrinístico de Joann Sfarr com sua atmosfera de clubes de jazz, boemia francesa, mulheres lindíssimas, pequenas contravenções é uma transposição de tudo o que eu gostava daquela revista brasileira e de seu suplemento anárquico JAM. Prova de que a influência de Serge é tamanha a ponto de marcar tanto seu compatriota quanto aquele paulistano em mídias tão diferentes da música e entre si quanto os quadrinhos e o cinema.

Outro momento memorável do filme remete às HQs, quando o protagonista se sai bem em uma das várias conquistas que justificam o subtítulo cafajeste nacional (o original é vie héroïque, ou seja, um ufanista "vida heróica"). Apesar de sua feiúra incontestável, o homem realmente amava mulheres, e que mulheres! Brigitte Bardot entre elas, a eterna musa francesa. Em homenagem a ela, nosso herói a imaginou como uma protagonista das tiras de quadrinhos quando compôs a onomatopéica música que empresta nome a esta resenha (Viens petite fille dans mon comic strip/ Viens faire des bull's, viens faire des WIP !/Des CLIP ! CRAP ! des BANG ! des VLOP ! et/des ZIP !/SHEBAM ! POW ! BLOP ! WIZZ !), situação que rendeu uma das sequências mais divertidas daquele excelente filme, com a impecável Letitia Casta se saindo muito bem vivendo na tela o mito BB. Tão bem, tão hipnoticamente bem, que acaba ofuscando um tanto as demais aventuras amorosas presentes na película - como Jane Birkin e Juliette Grecco. Mas o filme conta com grandes cenas do início ao fim, seja com o jovem Lucien testando seus dotes de sedução para convencer modelos bem mais velhas a posarem nuas para ele ou com o já veterano Serge ainda provocador fazendo uma polêmica versão reggae para "Le Marsellaise".


9.8.11

Retrofuturismo no Omelete

Eu havia dito que este mês teria que ficar afastado um pouco do blog, mas ser mencionado no principal site de cultura pop do Brasil é algo que merece ser registrado por aqui. Foi a segunda vez este ano, desta vez na nota que Érico Borgo fez para noticiar a HQCon, que está chegando:


Exatamente um ano após a primeira edição, Florianópolis terá o segundo HQCon - convenção de quadrinhos que desta vez vai durar dois dias com palestras, debates, exposições, oficinas, concursos e feira de quadrinhos. Será no fim de semana de 13 e 14 de agosto.

Entre os destaques da programação está uma palestra com os quadrinistas que atuam em Santa Catarina - Alex Guenther, Chicolan e Marcelo Mueller - colaborando com o mercado estrangeiro ou publicando no Brasil. Outro destaque é a palestra sobre a Turma da Mônica, com Sidney Gusman, Ricardo Manhães e Hector Lima.

O evento ainda abre espaço para outros temas pop, como numa palestra sobre a Cultura Jovem Brasileira nos Anos 80 (com Mario Luiz Barroso, tradutor e editor de quadrinhos desde os anos 80) e outra sobre Retrofuturismo (com Fábio Fernandes e Romeu Martins).
O evento vai acontecer no Floripa Shopping. Confira mais detalhes da programação e como participar no site oficial.

5.8.11

Workshop reconstrucionista

Avisei que haveria mais uma novidade na HQCon relacionada com a Sociedade Histórica Desterrense, grupo reconstrucionista do qual faço parte e que procura explorar maneiras lúdicas para revisitar outros períodos da história. O informe está no site do evento, que também prestou alguns esclarecimentos sobre como vai ser a logística do maior evento de cultura pop de Santa Catarina:


Como será o HQCON 2011


Tá querendo saber como funcionará o HQCON 2011? Então anota ai.

O evento acontecerá nos dias 13 e 14 de agosto, das 10h às 22h, no Floripa Shopping.
Vamos fechar todo o estacionamento do piso Rendeiras – piso térreo. A entrada será ali no próprio guichê do estacionamento. E a bilheteria também.

Para ficar mais em conta, o ingresso do dia será meia-entrada para todos. O valor: apenas R$ 15. Não aceitaremos cartão na bilheteria. Mas nos stands você poderá usar à vontade.

Venda antecipada? Vai rolar sim. Fique ligado que logo contamos onde.

Workshop com a Sociedade Histórica Desterrense sobre confecção, customização e adaptação de roupas atuais ao vestuário reconstrucionista

- No sábado 13 de agosto das 13 às 15h

A participação é gratuita, já que cada pessoa deve levar seu material. São 25 vagas. Você pode fazer sua inscrição pelo e-mail shdesterrense@gmail.com

Informações: sociedadehistoricadesterrense.com

@SHDesterrense

4.8.11

Os Punks não morreram

Quem acompanha há mais tempo este blog sabe que vez ou outra o ritmo de postagem caiu um pouco porque eu me envolvo em algum projeto grande fora do mundo da ficção. Normalmente isso acontece nos inícios de ano, mas desta vez caiu em agosto: tenho um contrato para escrever um novo livro de divulgação científico-tecnológica que deve me manter bem ocupado até o início de setembro. Mas as atividades já anunciadas para agosto não param, muito antes pelo contrário. A participação na HQCon, por exemplo, anunciada aqui, acaba de ser confirmada oficialmente na agenda de palestras, como pode ser conferido no site do evento. Lá, temos a programação para os dois dias do encontro, com muitas atrações para os fãs de quadrinhos e cultura pop em geral. Fábio Fernandes já põe a mão na massa no sábado, dia 13, debatendo o tema mais quente do momento atual dos quadrinhos, depois do anúncio do reboot completo da casa do Batman, com outros convidados de peso:

18h
Debate: DC X Marvel: As Mudanças e Franquias das Duas Maiores Editoras de HQ

Fabio Fernandes

Hector Lima

Mario Luiz C. Barroso

Sidney Gusman

E no dia seguinte, no começo da tarde de domingão, ele estará comigo no palco para uma palestra sobre um tema já esboçado por aqui, no post mais difundido do meu blog:

14h
Palestra Festival Punk: Possibilidades do Retrofuturismo

Palestrantes:

Fabio Fernandes

Romeu Martins
Aguardamos todo mundo lá! E, em breve, deverão ser anunciadas ainda atividades paralelas, como workshops e oficinas, onde também teremos novidades vitorianas.

2.8.11

Overdose steampunk na Áustria

Quando não exerce suas funções de musa do movimento ou passa o tempo me enrolando para começar uma adaptação de quadrinhos, Lidia Zuin é uma estudante de jornalismo com projeto de pesquisa sobre música industrial, enfocando o discurso belicista da banda Nachtmahr. Seus estudos a levaram a viajar para a Áustria recentemente, onde apresentou seu trabalho em um congresso científico e participou de baladas trevosas (ou seria um congresso trevoso e baladas científicas?). No blog que mantém para debater os bastidores de seu trabalho de conclusão de curso, ela fez um relato antropológico de sua viagem, da qual destaco aqui alguns de seus avistamentos steamers na festa Overdose, no clube B.lack, erguido em um antigo bunker na cidade de Salzburg (leiam o relato completo, em um post bilíngue, aqui):


Outro ponto interessante foi a dedicação deles ao visual. Homens e mulheres usam maquiagem. Homens e mulheres usam botas, algumas vezes com salto, latex e roupas de couro. A maioria das roupas lá estava entre o estilo cybergoth e deathrock, algumas pessoas usavam uniformes, vestidos vitorianos ou seguiam o gótico medieval. Havia alguns exemplos de roupas fetichistas, como um homem vestindo um longo sobretudo de latex, escondendo seu corpo totalmente coberto por um fino tecido preto e correntes que emulavam bondage. Havia também uma garota usando um corset underbreast sem lingerie, então ela ocultava seus mamilos com dois pares de fitas pretas (isolante) coladas.

Havia pessoas usando acessórios com luz (que destacavam seus movimentos na pista de dança).

Havia pessoas usando roupas pós-apocalípticas/steampunk e também armas customizadas.

1.8.11

Lançamentos a vapor em Floripa

Pelo jeito, agosto vai ser o mês dos eventos em Florianópolis. Além da HQCon, que vai abrir espaço para a FC retrofuturista em sua agenda de palestras, vamos ter lançamento de duas obras steampunk na Ilha. No dia 19 de agosto, uma sexta-feira, a partir das 19h, a editora Estronho em parceria com a Sociedade Histórica Desterrense vai promover um bate-papo e a venda de diversos livros, entre eles Deus Ex Machina - Anjos e demônios na Era do Vapor e Steampink. O local será o mesmo do Primeiro Encontro Vitoriano da cidade e onde ocorreu o lançamento da coletânea weird west da mesma editora, Cursed City - Onde as almas não têm valor: o Café Cultura, ao lado da Praça XV. Quero ver todo mundo lá, e se estiverem trajados dentro das temáticas da festa, ganharão desconto na aquisição dos livros! Cliquem na imagem abaixo para ver mais detalhes: